quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Ser pedestre

Sentir-se cidadão

Você é pedestre? Eu sou pedestre.

Caminho quase todos os dias. Mas não é caminhada a passeio ou exercício físico, é um modo vida. Vou ao escritório, ao centro da cidade, ao supermercado, à Prefeitura, algumas vezes fazer um happy hour com minha família e várias outras atividades. É muito prático, saudável e sustentável. Olha que coisa!!
Podemos considerar que moro em um lugar privilegiado, próximo a tudo e de fácil acesso. Mas eu quis assim, eu escolhi isso.
E você pensa que é fácil ser um pedestre?
Imagine-se andando na rua, em dias normais: pessoas, calçadas estreitas, obstáculos, trânsito, semáforos, faixas de pedestres, com carros parados sobre as faixas...
Agora imagine isso em dia de chuva: acrescente guarda-chuva, pessoas irritadas, o trânsito um caos, falta de escoamento da água...


Imaginou?

Outro dia estava voltando para casa, em dia de chuva, e por todo o caminho eu analisava a qualidade do passeio, ou seja, da calçada e outras passagens. E não analisei somente como pedestre, mas como arquiteta com formação em urbanismo e que tem algum contato com projeto e legislação.
A começar pelos carros. É incrível como eles desconsideram as faixas de pedestres!
Os pedestres também não fazem a sua parte e não respeitam as faixas cruzando no meio dos carros.
Andar de guarda-chuva nessas calçadas estreitas? Esbarram nos postes, nos portões...
Imagine uma pessoa idosa andando na rua e em dia de chuva? E sabe que existem várias! Com todos esses obstáculos, degraus, pisos irregulares, desiguais e revestimentos inadequados. Muito propício para um acidente. E isso vale muito aos cadeirantes e pessoas com alguma necessidade especial.
Há também os carrinhos de bebês! Você já andou pelas ruas empurrando um carrinho de bebê? Pois devia passar por essa experiência. Atualmente tenho feito muito disso. Andar nos shoppings é simples, correntefluente e até divertido.
Mas voltando as ruas, hoje até têm guias rebaixadas para essa acessibilidade, mas foram executadas em lugares de fluxo mais intenso e muitas vezes não possuem um trajeto contínuo. Mas já é um começo!
Vocês sabem que temos leis que regulamentam essas calçadas. E que nós, arquitetos, quando vamos projetar alguma coisa, temos que considerar a calçada com o mesmo grau de importância que o acesso de uma garagem, por exemplo.

Para quem não sabe, aqui vai a dica e a informação, conforme legislação:
*A calçada deve ter passeio livre de no mínimo 1,50m de largura, livres de postes, árvores ou outros elementos que possam impedir o livre trânsito de portadores de deficiência de qualquer natureza. 
*Os passeios deverão ser construídos, reconstruídos ou reparados pelos responsáveis do imóvel com materiais resistentes e duradouros e não poderão ter superfícies escorregadias.


Mesmo com essas normas e legislações, muitos cidadãos não as cumprem e temos o que vemos pelas ruas, ou melhor, pelas calçadas. Alguns absurdos e completa falta de respeito e percepção com o outro.
Com a inserção de tantos carros circulando pelas ruas das cidades, muitas vezes não nos importamos com os pedestres. "Afinal, quem são essa pessoas que andam pelas ruas?" 
E atualmente com esse assunto de sustentabilidade tão em voga, por que não valorizar o pedestre?
Claro que cada um tem que fazer a sua parte. E eu, não me desdenho. Faço minha parte sim. Uso muito pouco o carro (aliás as vezes é mais rápido fazer as coisas a pé e menos estressante), moro perto de todos os serviços e comércios e o mais importante: não tenho preguiça e nem pouca vontade em ser PEDESTRE.

*Mais informações: www.campinas.sp.gov.br
                             LEI COMPLEMENTAR Nº 09 DE 23 DE DEZEMBRO DE 2003. 
                           CAPÍTULO IX - DA CIRCULAÇÃO E ESTACIONAMENTO DE VEÍCULOS
                             Publicação DOM de 27/12/2003:03, Campinas - SP