segunda-feira, 6 de abril de 2015

Enquanto isso, na Obra...

A maioria das pessoas sonham em ter seu lar, sua casa, seu espaço... seja residencial ou comercial. Uma realização pessoal!!
Muitas dessas pessoas querem que essa realização seja a partir do zero, do terreno vazio ou de uma reforma radical.
Assim sendo, primeiro, vem o projeto. As ideias, a concepção, a estruturação, o planejamento financeiro, burocracias, aprovações, para enfim, a execução desse programa. A OBRA.

Obra Residencial - Campinas, SP

Pois bem, para se alcançar sonhos e desejos, é inevitável passar por algumas adversidades.
Não que eu queira desanimar ninguém... Ao contrário! É contar um pouco sobre a fase da realização desse sonho, que pode até deixar algumas pessoas desacreditadas, mas que se conduzida com muita sinceridade e convicção, o objetivo se alcança.
Para mim, arquiteta, é gratificante ver os ambientes projetados em papel criarem luz e forma. Ver os cheios e vazios se formarem pela perspectiva e as dimensões encontrarem a escala humana. Ou seja, os espaços se tornarem vivos.
Já para a pessoa que vai viver ali e que está a construir esse espaço, surge uma mistura de ansiedade e precauções, e que muitas vezes, acaba não usufruindo dessa experiência transformadora que é a construção civil.
Sim, uma experiência transformadora. Física e espacial, sem dúvida alguma. Agora, muito mais transformadora na essência individual e no relacionamento pessoal.
Eu penso que, passar pela experiência de uma obra e não sentir nada, pode acreditar que alguma coisa está errada!!

Obra Comercial - Campinas, SP

Não há como ser apático a respeito do andamento de uma obra, porque suas escolhas e definições são imprescindíveis para sua permanência futura.
Não há como ser indiferente aos relacionamentos profissionais e pessoais desenvolvidos ao longo dessa produção. Trabalha-se com pessoas e necessita-se de pessoas para a execução de qualquer coisa em qualquer lugar. Mesmo que alguém resolva fazer com suas próprias mãos, em algum momento precisará dessa fusão social e da conexão de serviços.
Ou seja, do projeto à obra pronta, existe uma lacuna à espera de uma experiência de vida. É preciso estar aberto e disposto a degustar dessa atividade tempestiva.
Se não vivenciar essa lacuna construtiva, certamente não experimentará dessa complexa rede de convivência humana e material que transforma um esboço em universos humanos.
Encare essa!!!!
Abraços construtivos e até breve,
Annie


quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Excelente artigo da Revista MOBILE #2 do CAU SP, em que fala sobre ARQUITETURA PÚBLICA e como tornar nossas cidades mais democráticas e inclusivas socialmente.

“Esse discurso do desenvolvimento a todo custo flerta, cada vez mais, com a direita. (...) Sempre é utilizada a expressão ‘desenvolver’ junto com o discurso neoliberal, do livre-mercado, da falta de regulação estatal e das privatizações. Esse discurso é, eminentemente, antipopular. O que está em jogo, para nós, hoje, é construir uma resistência popular nas cidades brasileiras. Queremos que nossa cidade seja construída de forma democrática, enfrentando essa outra cidade excludente que existe, que é a cidade do capital. Os megaprojetos, as operações urbanas, os consórcios públicos, estão cada vez mais ligados aos interesses de grandes setores imobiliários, incorporadoras, empreiteiras, construtoras, proprietários de terra, produzem uma cidade da exclusão”. (Guilherme Boulos, MTST).

Nota-se atualmente que nós Arquitetos e Urbanistas nos tornamos meros espectadores desse desenvolvimento urbano social, porque a distância entre nós e o Estado faz com que a arquitetura promova, em sua maioria, os interesses e assuntos privados, resultando em cidades segregadas e de exclusão.

Segundo João Sette Whitaker, professor da FAU/USP: “Nunca tivemos Estado de Bem-Estar Social, sempre fomos patrimonialista, o Estado voltado para a defesa dos interesses dominantes” (...) “Ao longo da história, o Estado nunca incorporou a dimensão da coisa pública”.