sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Que valor você dá aos lugares?

E como definir Qualidade de Vida?

Tenho estudado, lido e assistido muitas coisas relacionadas ao nosso bem estar e a qualidade de vida em nossas cidades.
Hoje em dia muito valores são alterados por questões simplesmente econômicas. Um olhar frio, monetário e desvinculado de qualquer memória humana ou histórica. O que rege hoje efetivamente é a estética? A segurança a qualquer preço? O isolamento social...
Por exemplo: "Morar".

Onde você mora? Você se sente bem? Você se sente realmente livre? Você se sente pertencente ao lugar onde você vive? Além da sua casa, do seu interior, do seu jardim, a sua Rua é sua??
Eu vejo essas poucas questões, simples e básicas, parte da definição do nosso bem estar em nossa cidade, em nosso bairro, em nossa rua...

Pra mim, Qualidade de Vida verdadeira não é o muro que me protege, não é a câmera de segurança que nos vigia, não é o acabamento de primeira linha que reveste meu piso ou minha parede, não é o carro do ano na garagem, não é frequência aos melhores shopping centers, não é o tipo de consumo diário... entre outras atividades quase fúteis do nosso dia a dia.
Pra mim, qualidade de vida é Liberdade. A autonomia do ir e vir, poder circular a vontade pela cidade, a convivência natural e espontânea entre as pessoas, sentir que a praça em frente a minha casa é minha também! É o meu espaço. E principalmente saber que, se eu pertenço a algum lugar, eu e esse lugar, nós dois juntos, nos desfrutamos e compomos uma Memória. Porque eu acredito que a história se forma através da experiência das pessoas em relação aos seus lugares. Se passamos superficialmente por onde vivemos, não deixamos marcas, não construímos histórias e não criamos memória.
É por isso e um pouco mais, é que nossa sociedade hoje se baseia tanto nas questões econômicas para definir qualidade de vida.
Hoje tanto faz, morar numa casa onde você passou sua infância em que brincava de subir na goiabeira, ou morar num apartamento de 40m² onde você nem sequer sabe quem é seu vizinho! Porque não criamos vínculo com o nosso lugar. Estamos preocupados com questões financeiras... Hoje é tudo superficial e nada nos pertence, nem mesmo nossa Memória...

Fiquei ainda mais pensativa em tudo isso depois que assisti o filme "Aquarius", do diretor Kleber Mendonça Filho, tendo no papel principal Clara (Sônia Braga) em que ela, proprietária de um apartamento, resiste ao vendê-lo para uma grande construtora a fim de construir ali um mega empreendimento imobiliário. Dali se mostra questões sobre o valor dos lugares e a formação das cidades. Um filme imperdível e muito sensível aos temas atuais como, as nossas cidades estão dividas por muros, mesmo que invisíveis e questões sociais de vários gêneros. Fica a dica!!

aquarius_divulga

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Quem é seu inimigo?

Quando passamos a conviver com o Povo e a sentir a massa da população, passamos a perceber de fato quem são os verdadeiros vilões da história.
Não sou eu e muito provável que também não seja você, que está lendo esse texto agora!

Temos medo do Povo... E parte da sociedade acredita que esses são os vilões e que podem nos atacar.

O vilão não é o jovem, menino ou menina, estudante que está na rua gritando por oportunidade de conhecimentos, mas a Instituição que governa a educação e seus escondidos administradores que lhe roubam esses direitos e esperanças.
O vilão não é o trabalhador e a trabalhadora que estão descendo a avenida clamando por dignidade no dia a dia, mas, seus patrões que se deixam vender para a vilã-mor, chamada Burguesia capitalista.
O vilão não é a mulher que segura o cartaz  “Nem Bela, Nem Recatada e Nem do Lar” e que luta diariamente pelo seu espaço digno e pela livre escolha de seu corpo e comportamento perante uma sociedade machista e opressora. O vilão aqui é, sim, a crença moral e seus seguidores que deturpam os desejos femininos e a condenam à eterna submissão.
O vilão não é a mãe, o pai e a criança que estão andando de mãos dadas no meio da rua protestando pela falta da qualidade de vida, saúde e mobilidade urbana, para poderem assim passar mais tempo juntos e desfrutarem dessa caminhada num parque público sem medo de qualquer violência. Não, o vilão é o governante que lhe desvia os investimentos públicos para atender aos lucros exorbitantes da minoria burguesa e a um capitalismo falido que mata as nossas cidades.
Os vilões não são os casais homoafetivos que passam por tantas hostilidades e que marcham pela avenida reivindicando respeito e direitos garantidos, mas sim a mesma sociedade preconceituosa e moralista que os julgam pelo simples fato de querer comandar a verdade sobre o que é supostamente certo ou errado.
Agora, o maior vilão da nossa atual realidade é um grupo de governantes perversos que vendem as nossas conquistas sociais, nossa liberdade e as nossas riquezas naturais para uma burguesia, minoria gananciosa que busca o eterno lucro a qualquer custo. A qualquer custo mesmo!
Então, quando participamos de uma outra realidade, a da maioria e da grande massa é que se dá conta que estamos todos nós, a população, o Povo, na mesma situação. Eu, você, seu vizinho, até mesmo seu chefe ou o diretor da sua empresa...

Nós não somos o Burgueses... Nós somos o Povo!
Foto: acervo particular